É muito bom parar para ler um bom livro. A cabeça inicialmente vazia é o ponto de onde surgem sonhos e ilusões baseados nos reais fenômenos de nossa natureza. Apesar de amar, confesso que não tenho a mesma sensação ao ler Heidegger, Chisholm ou Simone de Beauvoir, são escrituras também condizentes aos fenômenos, mas são conceitos (ou aproximam-se de um conceito). Na literatura a mágica do imaginário é mais livre, mesmo o autor baseando-se na realidade social a forma que descreve os fatos contém uma sofisticação diferente. O autor aprende-se de suas experiências vívidas e das que por algum motivo não vivenciou.
Lembro da frase clichê mencionada ao início da minha alfabetização (e de muitos): ´´ O livro abre as portas da imaginação ``. Nunca gostei muito dessa frase, se hoje minha imaginação corre aproximadamente no mesmo fluxo da velocidade da luz, quando era menor devia ser maior ainda! Figuras de linguagem a parte, para mim, compreendo o significado embutido na frase como o espaço onde o imaginária tem plena liberdade.
Hoje consumo uma literatura mais amadurecida, sinto falta dos personagens do Ziraldo onde o espaço imaginário é maior. Mas também gosto do peso que a literatura alemã traz, Goethe é angustiante, eu adoro isso! Do imaginário ao pensante, a forma e responsabilidade do que passa em sua cabeça muda. Sei lá... não gostaria deixar de pensar na possibilidade existencial e emancipadora de O Menino Maluquinho. Prefiro continuar nessa inércia conflitante.